20 de outubro de 2011

Turne internacional - a primeira excursão do grupo dos jovens músicos

Data dos concertos Brasil e Espanha


Goiânia
Data: 23 de Outubro / Domingo
Horário: 11:00h
Local: Teatro Escola Basileu França

Lleida
Data: 30 de Outubro
Horário: 19h
Local: Auditori Municipal Enric Granados 

Girona
Data: 31 de Outubro
Horário: 18h
Local: Auditori Palau de Congressos 

Granada
Data: 01 de Novembro
Horário: 16h
Local: Centro Cultural de Caja Granada

Granada
Data: 01 de Novembro
Horário: 19h
Local: Centro Cultural de Caja Granada

Vila-Seca (somente para crianças)
Data: 03 de Novembro
Horário: 15h
Local: Auditori Josep Carreras

Vila-Seca
Data: 03 de Novembro
Horário: 21:30
Local: Auditori Josep Carreras

Barcelona
Data: 04 de Novembro
Horário: 19h
Local: Palau de La Música

Barcelona
Data: 04 de Novembro
Horário: 21:30h
Local: Palau de La Música 



A primeira excursão internacional do grupo formado por adolescentes e jovens a partir de 14 anos

A Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás, formada por adolescentes e jovens a partir de 14 anos, parte para sua primeira turnê internacional entre os dias 30 de outubro e 04 de novembro. Patrocinada desde 2009 no Brasil pela Endesa Cachoeira, a orquestra, a convite da Endesa, na Espanha, fará apresentações em Granada e em outras quatro cidades da Catalunha: a capital Barcelona, Lleida, Girona e Vila-seca.
Sob o comando do maestro Eliseu Ferreira, 85 jovens tocarão em salas importantes de concerto da Europa como o Palau de La Música, em Barcelona, com capacidade para duas mil pessoas e o Palau de Congressos, em Girona para 1.200 pessoas. Antes da partida, os músicos, entre eles os solistas goianos Marcos Silveira Bastos (violino), Michel Silveira (tenor) e Mábia Felipe (soprano), farão uma apresentação especial no Teatro da Escola Basileu França, em Goiânia, no dia 23 de outubro. O concerto marcará o início oficial da turnê da orquestra.
De acordo com o maestro, o objetivo da viagem é mostrar ao público europeu o talento dos jovens músicos brasileiros e apresentar a cultura nacional. “Temos que mostrar a produção de obras sinfônicas daqui, que ainda é pouco conhecida na Espanha”, diz o maestro. O repertório será mesclado de composições espanholas e também por clássicos brasileiros, como obras de Heitor Villa-Lobos, Ari Barroso e Zequinha de Abreu. “Os músicos vão tocar com garra e energia e tenho certeza que vamos levar a alegria da cultura brasileira”, afirma.
É a primeira apresentação internacional da orquestra, que completa 10 anos em 2011. A viagem foi viabilizada por meio de uma parceria entre o Governo de Goiás, a Endesa, na Espanha, e a Endesa Cachoeira, controlada pela holding Endesa Brasil. A Endesa está investindo cerca de R$ 300 mil na turnê que incluirá a estadia, a alimentação e os uniformes dos músicos. Já o Governo de Goiás será responsável pelas passagens dos músicos, pagas com recursos arrecadados em um jantar beneficente ocorrido no Palácio das Esmeraldas, sede do governo. O objetivo da turnê é mostrar o talento destes jovens músicos aos europeus e divulgar o sucesso deste projeto de cunho social, educativo e cultural.
Como serão as primeiras apresentações da orquestra fora do Brasil, são grandes as expectativas. “Quero mostrar a cultura brasileira”, diz o aluno Natanael Ferreira dos Santos, de 16 anos.
O adolescente toca viola clássica desde os 10 anos de idade e é bastante incentivado pelos pais, que vêem na orquestra uma chance para o filho. “Eles tinham muito dificuldade para pagar as aulas e o transporte, mas sempre me incentivaram porque acham que a música podia me dar uma vida melhor”, conta o violista. Assim como Natanael, muito outros jovens de Goiânia descobriram na orquestra uma paixão.
A Endesa Cachoeira é uma grande incentivadora da Orquestra Jovem porque acredita que a música clássica pode contribuir para o desenvolvimento educacional e cultural de crianças e jovens carentes do Estado de Goiás onde está sediada a usina hidrelétrica. Por isso, desde 2009, a empresa vem investindo na compra de novos instrumentos para os músicos e também em concertos especiais com destaque para as apresentações no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em abril deste ano, e no Instituto Cervantes, em Brasília, com a presença da Vice-presidenta do Governo Espanhol, em agosto de 2009.
O Governo de Goiás e a Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECTEC) por sua vez, oferecem aos 100 melhores músicos da OSJG o benefício mensal Bolsa Orquestra, criado em 2005, para auxiliar financeiramente os jovens músicos em seus gastos com transporte, alimentação e manutenção de seus próprios instrumentos.
A Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás – OSJG conta hoje com cerca de 200 músicos divididos em 4 grupos sendo: Grupo “A”, Grupo “B”, Orquestra Infantil e Grupo de Sopros e Percussão realizando cerca de quarenta concertos anuais em Goiânia e sua região metropolitana, municípios do interior do Estado e em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Perspectivas

Muitos dos jovens músicos da OSJG querem tocar em renomados teatros, alguns sonham em fazer licenciatura em música. Outros almejam fazer parte de grandes orquestras brasileiras. Todos, entretanto, nos últimos meses têm ensaiado horas a fio por um objetivo comum: fazer uma apresentação irretocável na Espanha. Para isso, as três aulas semanais foram intensificadas em setembro. Os ensaios ganharam mais algumas horas por dia até a viagem à Espanha no fim de outubro.
Mostrar um pouco da cultura nacional também faz parte do objetivo dos músicos da Orquestra Jovem Sinfônica de Goiás. Sobrinho do maestro, o estudante Natanael Ferreira dos Santos, de 16 anos, espera que as apresentações na Espanha sejam as melhores já realizadas pela Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás. “Quero mostrar nossa cultura. Quero mostrar o que é o Brasil”, afirma Natanael. O músico reconhece que o maestro tem exigido mais por causa da viagem. “Ele cobra muito vigor, o que é essencial para os músicos.” Segundo o estudante, o tio é seu maior incentivador. “Ele me mostrou a música, e agora tenho mais cultura e a mente mais aberta”, diz.
Natanael aprendeu a gostar de música em casa. Ele começou a tocar viola aos 10 anos por incentivo do tio. O irmão, Moisés Ferreira, também já fez parte da orquestra e hoje integra a Academia da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). “Somos todos músicos na família, graças a Deus”, alegra-se.
Apesar do apoio que recebeu, o início de Natanael no mundo da música não foi fácil. Até 2010, ele morava em Anápolis, município localizado no centro de Goiás onde nasceu. Para chegar aos ensaios diários, levava quase 1h30min. Segundo o adolescente, ele acabaria desistindo se não recebesse a bolsa de R$ 500. “Não conseguíamos pagar as aulas particulares e o transporte”, conta o violista. Os pais dele, um segurança e uma diarista, decidiram se mudar para capital do Estado para que os filhos pudessem continuar estudando música. “Eles vêem a música como uma chance para crescer na vida”, diz.
O violista pretende seguir os passos do irmão Moisés e se profissionalizar depois de terminar a escola no próximo ano. Enquanto não realiza o sonho de entrar para Orquestra Filarmônica de Berlim, planeja estudar fora de Goiás, devido à falta de professores de viola no estado. “Aprendo com a ajuda do Eliseu e de forma autodidata”, explica. Por isso, o rapaz pensa também em se tornar professor para crianças em alguns anos. “Quero mostrar a música clássica, pois esta arte é primordial para mim”, afirma.

Gustavo Rodrigues
Um dos integrantes mais antigos, Gustavo Rodrigues, de 15 anos, está na Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás desde 2001, ano de sua fundação. O estudante passou dois terços da sua vida tocando violino. Experiente em concertos públicos, diz que não está nervoso com a viagem para Espanha. Gustavo espera que esta apresentação não seja a única fora do país. “Estamos batalhando há bastante tempo, por isso temos que dar o nosso melhor”, afirma.
Aos seis anos, quando era um dos mais novos integrantes da orquestra, fez sucesso em Brasília ao tocar para o então presidente Fernando Henrique Cardoso. “Ele pediu para eu tocar algo sozinho e escolhi um hino da minha igreja”, conta. A apresentação solo acabou tendo repercussão na imprensa de Goiás. O jovem também já se apresentou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em Santos e em Campos do Jordão (SP). Ganhou, também, menção honrosa ao participar de um concurso em Minas Gerais, quando tinha 11 anos.
O violinista pretende seguir carreira e já está de malas prontas para ir aos Estados Unidos estudar música no próximo ano. Gustavo conseguiu uma bolsa para um curso livre com a ajuda do professor particular de violino, Salmo Lopes, e embarca em janeiro. Ele está estudando inglês para se preparar e garante que nem mesmo o frio o assusta: “Meu sonho é usar um sobretudo”, conta.

Luiz Ribeiro
O estudante e violinista Luiz Ribeiro, de 16 anos, diz que está “animadíssimo” com a apresentação da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás na Espanha. Seu sonho é se apresentar nos grandes teatros da Europa e dos Estados Unidos. “Espero que seja apenas o começo”, diz. Luiz entrou em 2007 para orquestra e agora pretende se profissionalizar. O garoto planeja cursar licenciatura em música depois que terminar o ensino médio, no próximo ano. “A orquestra é uma oportunidade para mim”, conta. O violinista mora na periferia de Goiânia e pega até três ônibus por dia para chegar aos ensaios. Filho de um motorista e de uma dona de casa, ele vê na música uma chance para viver com mais conforto. Segundo o violinista, sem a bolsa que recebe na orquestra, não poderia estudar música. “A bolsa ajuda muito. Pago meu transporte e comprei meu violino com este dinheiro. Até para roupa e calçado eu uso às vezes”.
A orquestra foi também muito importante para o amadurecimento do jovem. “Não fazia nada antes, só ficava na rua, não estudava direito. Agora tenho mais responsabilidade e estou mais focado”, diz. Luiz ressalta o papel do maestro Eliseu Ferreira como incentivador do grupo: “além de ensinar, ele também dá conselhos. Ele me mostrou como conversar, ter cabeça mais fria”. O violinista, que começou a tocar aos nove anos na Igreja, também é bastante incentivado pelos pais. “Eles estão muito orgulhosos. A primeira coisa que falam para qualquer um é que estou na orquestra. Com esta viagem então...”, conta Luiz.

Letícia Ramos de Oliveira
“Minha paixão pela música é tão grande que meu pai vendeu um carro da família, já bem velhinho, para comprar um novo violoncelo para mim”, diz emocionada Letícia Ramos, de 14 anos. Na Orquestra Jovem Sinfônica de Goiás há três anos, a estudante sai de casa na periferia todos os dias para as aulas noturnas. “Não me incomodo com a distância, quero é me aperfeiçoar ainda mais”, diz. 
Filha de um eletrotécnico e de uma professora da rede municipal, Letícia conta que começou a tocar aos nove anos e não parou mais. Seu pai, que também é músico amador, é um de seus principais incentivadores. “Ele me ajuda com alguns acordes e sempre me dá dicas importantes”.
Com a bolsa-auxílio que recebe mensalmente ela consegue frequentar as aulas e, com o pouco que sobra, guarda para financiar seus estudos já que pretende fazer Licenciatura e Doutorado de Música.
Tocar para grandes plateias e em renomados teatros está entre os sonhos da estudante. Um deles já foi realizado este ano no concerto do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. “Foi muito emocionante. Todo músico sonha em tocar lá. Agora não vejo a hora de tocar na Espanha”.

Tiago de Faria Biscaro
Com 22 anos, o jovem músico entrou para Orquestra Jovem Sinfônica de Goiás aos 13 anos na orquestra B, chamada de intermediária. Filho de uma família de músicos, o jovem violinista comprou seu último violino com a bolsa de R$ 500. “Fui juntando e consegui comprar um violino mais novo esse ano. Esse auxílio ajuda muitos estudantes aqui”, diz o jovem, que terminará o curso de licenciatura no fim do ano.
Enquanto o sonho de tocar na Orquestra Filarmônica de São Paulo não se concretiza, Tiago dedica algumas horas por semana a ensinar música para crianças na própria Escola Basileu França. “Dou aulas a tarde e me dedico à orquestra à noite. Trabalhar com crianças é sempre prazeroso. Temos alguns pequenos talentos aqui”, diz o orgulhoso professor.
À espera dos concertos da Espanha, o jovem músico diz não temer um público mais exigente. “Acho que todo músico sonha em tocar para grandes plateias. A música clássica é bem difundida e por isso são mais exigentes. Mas isso não nos assusta. Temos ensaiado bastante e tenho certeza que faremos uma bonita apresentação”, concluiu.


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